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segunda-feira, novembro 28, 2016

Das histórias que eu sei sobre a luz [ versão II ]


Era manhã. A casa da minha avó ficava lá em cima. Mais ou menos uns quinze minutos de carreira da nossa casa. Nossa mãe mandou deixar algo. Por lá ficamos, meu irmão e eu.

À hora mais acesa do dia, o céu começou a enfraquecer, uma cor estranha começou a pintar nossa cidade linda. Sol e lua pareciam desistir da luz.

- Esse é o dia que não ia demorar pra chegar. O sol está desmaiando, sem força. Um dragão com cabeça de lobo tenta devorar lua e sol e roubar a luz. Esse é o dia do fim. Meus filhos, depressa! Vão morrer perto da mãe e do pai de vocês.

Bênçãos da avó e despedidas. Corremos enlouquecidos, segurávamos nossos corações, era quase um voo, com os olhos no céu. Ouvíamos o bater de latas e panelas, cantos de galos, gatos incandescentes atravessavam, gritos de medo riscavam a rua, entravam nos nossos ouvidos. Do Mirante avistamos a grande sombra do dragão sobre o rio. Olhamos o chão e as pedras eram estrelas apagadas.

À porta da nossa casa, ficamos paralisados. Eu vi páginas de lumes no céu, enquanto o meu voo. Um espantoso alaranjado se movia rapidamente para uma cor vinagre-castanho; nuvens perto dos astro se tornavam verdes-caindo mais escuro; um céu lilás parecia prestes a desabar, estirões tintos imaginei que fossem a língua do dragão; sol e lua estavam violetas-pálido, depois ficaram cinza-quase-negros; moitas de nuvens pareciam asas de anjos num redemoinho púrpura; bem mais no fundo havia azul noturno; seguiu o surgimento de línguas de flores se abrindo em cores que a tornavam frágeis candeeiros...

O céu escureceu a cidade, o céu trouxe medo, o mundo se acabava na conta de um mal súbito do sol. Foi a primeira vez que tive medo de estar vivo.

Chegamos à casa, extenuados, queríamos devolver nossos corações ao lugar do coração. Essa é a hora em que o filho quer o abraço da mãe.

O sol foi recobrando os sentidos, nossas caras assustadas, o céu foi clareando, os pássaros que haviam se agasalhados estavam barulhentos, como todas as gentes… Foi assim aquela pequena noite da nossa cidade. Foi a primeira vez que presenciei o fim do mundo.

*Edmir Carvalho Bezerra é poeta.

sexta-feira, maio 06, 2016

O barqueiro que deixou todo mundo a ver navios



Por Diógenes Brandão

Entre as belas ilhas gregas, havia a que abrigava uma comunidade humilde, formada basicamente de pescadores e nesta comunidade morava um barqueiro, reconhecido por sua perícia em navegar pelo mar Egeu. Seu barco era o maior e melhor da ilha onde nascera e nele é que os demais habitantes atravessavam para a Pólis grega, onde compravam condimentos, cereais e roupas entre outras especiarias que não produziam em seu habitat. Era com esse barco, que seu pai ensinou as técnicas de carpintaria e navegação, que o nosso personagem ganhava a vida, embora sem fausto. E com ele, ajudava sua comunidade a navegar e se comunicar com o resto do mundo. 

Um dia, uma forte tempestade atingiu a praia onde o barco ficava ancorado e o destruiu em pedaços que rapidamente foram levados com as ondas revoltas. Os poucos recursos que o barqueiro havia acumulado, não o permitiam comprar uma nova embarcação e construir outro levaria meses. Como ele viva sozinho e o ganho de seu trabalho nunca havia sido suficiente para contratar um ajudante ou acumular dinheiro, sabia que o tempo que ficarai sem sua ferramenta de trabalho seria lancinante. 

O motivo de passar por esse aperreio? É que cobrava um valor módico pelas viagens em que transportava seus vizinhos e amigos, muitas vezes isentando aqueles que o convenciam a fazer cortesias em troca de algo no futuro. Agora que estava sem barco e sem condições de continuar trabalhando, amargaria uma realidade atroz.

Como já esperava, o tempo em que ficou trabalhando para construir outro barco foi de enorme adversidade. Para se alimentar, acordava mais cedo do que o habitual e sentava-se em um penhasco, de onde jogava uma linha com anzol e esperava pacientemente que um peixe beliscasse a isca.

Um dia, ao terminar de pescar um único pargo, levantou-se e seguiu pra sua choupana e lá preparou a Psarosoupa que logo mais seria seu almoço. Depois, sentou-se à beira da praia e colocou-se a cortar a árvore que seria transformada no casco da sua nova embarcação e percebeu a chegada de um dos seus clientes, um velho pescador, dono da única taverna da ilha e quem há anos usava o barco do nosso protagonista para atravessar todos os dias para a cidade e lá comprava produtos para revender na ilha.

O comerciante perguntou quanto tempo ainda seria preciso para que o barqueiro construísse um barco novo e ele respondeu sem meias palavras: Antes de morrer, eu deixo este barco para a comunidade.

Obsesso e aos berros, o velho comerciante passou a reclamar do prejuízo que a falta do barco causara a ele e a todos seus clientes, entre os quais aqueles que precisavam sair da ilha e já não contavam mais com o conforto e o baixo custo oferecido pelo barqueiro, sem seu barco. 

Eis que então, em um surto de ira, o barqueiro então resolve levantar-se, jogando ao mar o machadinho, a serra e o formão que usava na construção de seu novo barco, fitou o comerciante devolvendo-lhe com uma frieza atroz, a seguinte resposta: 

- De hoje em diante, quem quiser sair e voltar para esta ilha em um barco como o meu, terá que preparar o seu ou comprar um na cidade, pois sou barqueiro e marceneiro por opção, mas posso ser e fazer o que eu quiser. Minha única obrigação é com o que me faz feliz.

sábado, fevereiro 21, 2015

Travadoras da alegria pós carnaval



A nossa vida é um Carnaval. 

A gente brinca escondendo a dor.

Sopraram cinzas no meu coração, tocou silêncio em todos os clarins, caiu a máscara da ilusão, dos Pierrots e Arlequins.

Me sinto um palhaço das perdidas ilusões. 

Vou arranca-la, ilusão, de dentro de mim, como se extrai um veneno que aos poucos vai enfraquecendo teu sangue. 

Das cinzas, renasce a Fênix. 

Vai Carnaval! 

Que agora venha a Alegria, sem máscaras! 


Por João Carlos​.

quarta-feira, março 23, 2011

Porque Renovar é preciso...

"O campo fértil, se não for renovado com o assíduo arado, só produzirá capim e espinhos." Ovídio.

Publius Ovidius Naso, conhecido como Ovídio nos países de língua portuguesa (Sulmo, 20 de março de 43 a.C.Tomis, 17 ou 18 d.C.) foi um poeta romano que é mais conhecido como o autor de Heroides, Amores, e Ars Amatoria.

Sua poesia, muito imitada durante a Antiguidade tardia e a Idade Média, influenciou decisivamente a arte e a literatura europeias, particulamente Dante, Shakespeare e Milton, e permanece como uma das fontes mais importantes de mitologia clássica.

terça-feira, setembro 21, 2010

Só paraense pra entender o treco

"Um dia eu tava buiado, pensei em ir lá em baixo comprar uns tamatás.

Tava numa murrinha, mas criei coragem, peguei o sacrabala e fui.

Chequei tarde só tinha peixe dispré. O maninho que estava vendendo tinha uma teba de orelha do tamanho dum bonde. O gala-seca espirrou em cima do tamatá do moço que tinha acabado de comprar, e no meu tembéim.

Ficou tudo cheio de bustela...Axiiiiiii, porcaria! Não é potoca, não.

O dono do tamatá muquiou o orelha-de-nós-todos, mas malinou mesmo.

Saí dalí e fui comer uma unha. Escolhi uma porruda! Égua, quase levei o farelo depois. Me deu um piriri. Também...perece leso, comprar unha no veropa. Comprei uns mexilhões, um cupu e um pirarucu, muito fiiiiiirme, mas um pouco pitiú.

Fui pra parada esperar o busão. Lá tinha duas pipira varejeira fazendo graça. Eu pensando com meus botões...ÊEEEE, ela já quer... Mas, veio um Paar-Ceasa sequinho e elas entraram...Fiquei na roça, levei o farelo. O sacrabala veio cheio e ainda começou a cair um toró, égua-muleke-tédoidé, pense num bonde lotado. Eu disse: éguaaaaaaaa, vô imbora logo.

No sacrabala lotado, com o vidro fechado por causa da chuva, começa aquele calor muito palha. Uma velha estava quase despombalecendo. Daí o velho que tava com ela gritava arreda aí menino pra senhora sentar aí do teu lado.

O menino falou: Humm, tá, cheiroso..

By email por Artur Monteiro.

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Mário Quintana

        Não te irrites, por mais que te fizerem...
        Estuda, a frio, o coração alheio.
        Farás, assim, do mal que eles te querem,
        Teu mais amável e subtil recreio...
        Mário Quintana

Crise: Edmilson Rodrigues perde seu braço esquerdo no PSOL

Luiz Araújo deixou o PT para fundar o PSOL, onde viveu até então organizando a corrente interna "Primavera Socialista" e supostame...