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segunda-feira, julho 11, 2011

Cerimônia de posse de Albertinho Leão no Ministério da Pesca



Tomará posse, amanhã às 18h, no salão cerimônial da ASDEFA/Ministério da Agricultura do Pará, o novo Superintendente do Ministério da Aquicultura e Pesca no Pará, o Sr. Carlos Alberto da Silva Leão.

Formado em Engenharia e com pós-graduação em gestão pública pelo NAEA/UFPA, Albertinho Leão, como é mais conhecido, foi assessor parlamentar no Congresso Nacional, Secretário Estadual de Esporte e Lazer e Secretario Adjunto de Gestão da SEDUC.

A posse será marcada pela apresentação do superintendente aos servidores do ministério da aquicultura e pesca pela parte da manhã e tarde, quando o gestor irá conhecer cada funcionário que comandará, além da estrutura funcional do órgão. Às 18h acontecerá a cerimônia de posse onde estão convidadas várias lideranças políticas, diversos presidentes de colônias de pescadores, o presidente do Sindicato da Pesca do Pará, Sr. Armando Burle, assim como o Secretário de Planejamento e Ordenamento da Pesca, Sr. Eloy de Souza Araújo, no ato representando o Ministro da Pesca, Sr. Luiz Sérgio.

No final do ato de posse, será oferecido um jantar para os convidados e profissionais da imprensa, presentes no evento.

terça-feira, maio 24, 2011

Tombou mais um defensor da Floresta

"Vivo da floresta, protejo ela de todo jeito. Por isso, eu vivo com a bala na cabeça a qualquer hora. Porque eu vou para cima, eu denuncio os madeireiros, os carvoeiros e, por isso, eles acham que eu não posso existir. A mesma coisa que fizeram no Acre com Chico Mendes, querem fazer comigo. A mesma coisa que fizeram com a irmão Dorothy, querem fazer comigo. Eu posso estar hoje aqui conversando com vocês, daqui a um mês vocês podem saber a notícia que eu desapareci."  Zé Cláudio.
Zé Cláudio Ribeiro vivia na Amazônia produzindo castanhas através do Projeto da Reserva Extrativista Praia Alta, em nova Ipixuna do Pará, próximo do Município de Marabá. 

Em uma palestra emocionante durante o TEDx Amazônia, ele contou como é constantemente ameaçado por madeireiros e carvoeiros devido às denuncias que faz. Foi por conta da ação desses grupos que a cobertura de floresta nativa local passou de 85% em 1997 para pouco mais de 20% nos dias de hoje.

Citando Chico Mendes e Irmã Dorothy, dizia-se várias vezes ameaçado de morte. Em Dezembro num evento da TEDx Amazônia num fórum internacional que discutiu como tema a qualidade de vida no planeta, voltou a prever seu assassinato que hoje aconteceu, junto com sua esposa.

A Veja informa que os ex-ministros do Meio Ambiente que reuniram-se há pouco com Dilma Rousseff para tratar da votação do Código Florestal relataram a ela a morte do líder camponês.Surpresa, Dilma, determinou ao ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, que dê apoio às investigações sobre a morte do casal.

Assista o vídeo onde Zé Cláudio afirma que vai morrer:

quarta-feira, abril 14, 2010

Amazônia: caminhos para o desenvolvimento sócio-econômico, sustentável e includente

Do Site da Fundação Persel Abramo, artigo de dois paraenses.

Por Marquinhos Oliveira e Alda Selma Frota Monteiro*

A Amazônia Legal Brasileira compreende os Estados do Mato Grosso, Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Amapá, Pará, Tocantins e parte do Maranhão, possui 5,2 milhões de km² e corresponde a 61% do território brasileiro. Reúne um terço das florestas úmidas do planeta, 20% da água doce fluvial e lacustre do mundo, 30% da diversidade biológica mundial, além de abrigar em seu subsolo gigantescas reservas minerais. A Amazônia legal é sete vezes maior que a França e só a ilha do Marajó é maior que alguns países, como a Bélgica. Entretanto, a grandeza dessa região contradiz os Índices de Desenvolvimento Humano alcançados pelo Brasil, pois, seja na educação, na renda, na longevidade e na taxa de mortalidade infantil, a Amazônia não conseguiu acompanhar os índices nacionais.

As tentativas do Estado brasileiro para alavancar o desenvolvimento da Amazônia a partir das ações de Planejamento Regional, remetem a criação da Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia - SPEVEA, em 1953, pelo governo Getúlio Vargas e, posteriormente, em 1966, a criação da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia-SUDAM, pelo governo Castelo Branco. Em 2006, no Governo de Fernando Henrique Cardoso, a SUDAM foi extinta, sendo instituída a Agência de Desenvolvimento da Amazônia (ADA), que, por sua vez, foi extinta no ano de 2007, pelo governo Lula, responsável pela recriação da SUDAM. Entretanto, apesar dos esforços do estado brasileiro em criar uma instituição com o intuito de pensar as políticas de planejamento da região, as ações de desenvolvimento da Amazônia foram elaboradas, historicamente, a partir dos interesses das elites nacionais, sem levar em consideração as reais necessidades da região.

Com essa concepção, foram implantados grandes projetos na região, como: Fordlândia (1947), ICOMI (1957), Jari (1967), as Rodovias Transamazônica (1972), Manaus-Porto Velho (1973) e Santarém-Cuiabá (1976), Hidrelétrica de Tucuruí (1976-1984), Programa Grande Carajás-PGC (1979-1986) e Hidrelétrica de Balbina (1985-1989), que se constituíram nos principais investimentos do estado brasileiro para desenvolver a região.

Diferente do conceito historicamente construído de que essa região é formada por um grande vazio demográfico, a Amazônia é uma região habitada por aproximadamente 25 milhões de pessoas, dentre quilombolas, ribeirinhos, índios, pescadores, extrativistas, operários e agricultores familiares que expressam uma diversidade de povos, tão heterogênea quanto suas potencialidades econômicas. A agroindústria da soja destaca-se nas regiões sul do Maranhão, norte do Mato Grosso e no estado de Rondônia. A pecuária está presente na região sul do Pará e no estado do Tocantins. Já o setor industrial destaca-se na zona franca de Manaus-AM e no Complexo Albrás/Alunorte, no Pará. Nos estados do Acre e do Amapá, destaca-se o beneficiamento de produtos florestais. A mineração está presente nos estados do Pará e Maranhão e as atividades madeireiras ocorrem com maior expressão nos estados do Pará, Rondônia, Mato Grosso e Amapá. Já a indústria do pescado possui forte presença nos estados do Pará e Amapá e o turismo nos estados do Pará e Amazonas. Porém, o estado nacional ainda não alcançou um grau de compreensão dessa diversidade sócio-produtiva e cultural da Amazônia, nas ações de políticas públicas traçadas para a região.

Há que se reconhecer os avanços alcançados ao longo dos últimos dez anos, notadamente, a partir de 2002, com o advento do governo Lula e o desenvolvimento de diversas políticas, a partir de processos dialogados com a região. O Plano Amazônia Sustentável (PAS) e a demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol, inauguraram uma nova forma de relacionamento do estado brasileiro, pautada pela inclusão dos diversos povos amazônicos no processo de desenvolvimento da região. Junte-se a isso, a conclusão de obras como as Eclusas de Tucuruí e o início das obras da Siderúrgica Aços Laminados do Pará (ALPA) que iniciará o processo de verticalização da produção mineral amazônica. Entretanto, essas iniciativas são insuficientes para responder ao histórico passivo do estado brasileiro com a região amazônica. Há uma necessidade premente de reverter o modelo de desenvolvimento ambientalmente predatório e não inclusivo desses povos. Políticas pontuais como a Operação Arco de Fogo, não dão conta de responder às complexidades amazônicas, nem de inverter a lógica de desenvolvimento pautada na indústria da madeira.

Algumas questões colocam-se de forma recorrente nesse debate amazônico, como por exemplo, a existência de um maior número de doutores em apenas uma universidade da região sudeste do país, ao mesmo tempo em que não se consegue atender as demandas das universidades amazônicas. As sedes de empresas estatais que compõem o Sistema Telebrás situam-se em suas próprias regiões, porém, a sede da Eletronorte é a única que fica localizada junto ao governo central e fora de sua região. Da mesma forma, o recém-criado Fundo Amazônia, não é gerenciado pelo Banco da Amazônia, mas sim pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social-BNDES. A SUDAM, apesar de ter sido recriada, ainda não foi efetivamente consolidada como um órgão de planejamento Regional, estando muito aquém das reais necessidades exigidas para tal.

Portanto, no ano em que a população brasileira terá que escolher entre o projeto neoliberal, que repetiu os mesmos erros de pensar a Amazônia a partir dos interesses concentrados no sudeste do país e, o projeto de mudança e transformação inclusiva que ousou pensar o desenvolvimento dessa região a partir do diálogo com suas populações, almeja-se que os desafios amazônicos façam parte de um projeto de nação. Com isso, a próxima etapa da revolução democrática iniciada pelo governo do presidente Lula poderá evitar erros como de Tucuruí e Balbina, nos projetos hidrelétricos do Madeira e Xingu, e ainda, possibilitar, que o PAC e o PAS, não se contraponham, ao contrário, se constituam em projetos complementares e ambientalmente sustentáveis.

*Marquinhos Oliveira, bacharel em Ciências Sociais/UFPA, assessor parlamentar do deputado federal Paulo Rocha e membro do DN-PT; Alda Selma Frota Monteiro, bachaarel em Turismo/UFPA e mestre em Planejamento do Desenvolvimento Regional/NAEA/UFPA.

sexta-feira, janeiro 29, 2010

Movimento rufa os tambores

anajuliacarepa13.blogspot.com direto de lá, acesse!

Amanhã, festa do PT do Pará. Festa dos 30 anos do Partido, primeiro no Pará Clube, com a posse dos diretórios municipais e diretório estadual.
E a partir das 6 da tarde, na Aldeia Cabana, muita festa com a militância petista, diretórios empossados e lideranças dos partidos da base aliada.
Pela manhã, tem intensa agenda em Icoaraci, mas estarei na posse da companheirada e na festa do meu Partido.
Nas fotos da reunião do setorial de saúde do PT, o retrato de um dos muitos momentos em que a militância petista aquece os tamborins.
Em 30 anos de vida do nosso querido PT, tem sido desse jeito que se organiza a luta e se conquista tantas vitórias. No Brasil e no nosso Estado.
Organizar com alegria. Bem a cara do PT.

sábado, outubro 03, 2009

Renovar o PT, radicalizar a democracia: uma reflexão teórica sobre o PED

Por Giuseppe Cocco, Alexandre Mendes e Pedro Barbosa no Blog Leitura Global, no qual contribui Tarso Genro - o fundador da Mensagem ao Partido, agrupamento que persiste em disputar - e ganhar - o comando do PT.
O Partido dos Trabalhadores é o mais importante partido de esquerda do mundo e, ousamos dizer, aquele que possui a mais potente dinâmica social e política na conjuntura atual: é um partido de massa, democrático que se mantêm ancorado a uma nítida perspectiva de emancipação do trabalho e construção da liberdade.
Apesar de suas profundas contradições, o PT – através de sua experiência de governo – é atualmente o partido que coloca o debate sobre as alternativas ao neoliberalismo no campo da inovação, pensando a democracia para além das experiências socialistas do século XX.
Essa dimensão potente do PT é ainda mais emblemática diante do declínio programático, social e ético – que não parece ter fim – da esquerda mundial em geral e da européia particularmente. Uma exceção ao declínio do camp o democrático e progressista nos países do norte talvez tenha sido a eleição de Barack Obama. Sua candidatura foi inovadora, especialemente, por passar “por fora”dos tradicionais mecanismos de representação do Partido Democrata dos EUA: a base da eleição de Obama foi o movimento independente e progressista – organizado na e pela internet – conhecido como Move On: Democracia em ação e, obviamente, o movimento contra a guerra do Iraque. A particularidade da experiência brasileira nos diferencia também da atual dinâmica vivenciada pela esquerda latino-americana, na qual o ciclo progressista que envolve a quase totalidade dos governos não pode se apoiar e contar com a realidade política e partidária do PT brasileiro. A única exceção é o MAS (Movimiento al Socialismo) boliviano. Contudo, inclusive nesse caso, não encontramos os efeitos de acumulação política e expressiva experiência de movimento e governo que caracterizam o PT.
Esse é o Partido que hoje tem pela frente um grande desafio: consolidar, aprofundar e radicalizar as conquistas de sua história e da experiência dos dois governos Lula.
Limites da experiência e produção de novas sínteses
O reconhecimento desta dinâmica virtuosa nos possibilita organizar uma balanço extremamente positivo dos dois mandatos do Presidente Lula. No entanto, não pode nos impedir de reconhecer os limites e, inclusive, os sinais de esgotamento do processo social que alimentou (e ainda alimenta em parte) a dinâmica do PT e a liderança de seu presidente: Lula. Tudo aquilo que fez com que Lula “contasse mais do que o PT” vem, como sabemos, da onda operária do “novo sindicalismo” da periferia industrial de São Paulo. Muitos elementos indicam que, embora as organizações sindicais continuem constituindo alguns dos pilares fundamentais do PT e da esquerda mais em geral (inclusive do governo), essa “onda de movimento” tem perdido sua força e capacidade de construir um referencial social geral.
O PED é o produto ambíguo dessa pujança e desses sinais de esgotamento:
Por um lado, trata-se de uma conquista em termos de radicalização democrática, para além das formas burocráticas típicas dos partidos do século XX e da sociedade industrial. A participação direta dos filiados é um passo decisivo rumo a uma democracia mais participativa e direta. Por sua vez, a massificação das filiações aproxima o partido da sociedade e dá conta de sua amadurecida experiência de governo. Pelo outro, o PED pode ser mais uma manifestação da crise de representação determinada pelas transformações sociais que caracterizam o capitalismo contemporâneo. Algo que alguns intelectuais antes próximos do PT definem como “desaparecimento da política” e que é, na verdade, a crise de uma forma de fazer política.
Resumindo esquematicamente podemos dizer: as virtudes e os vícios do PED dizem respeito a um Partido dos Trabalhadores (PT) que se torna partido de massa sem que os quebra-cabeças do governo pelas massas sejam resolvidos. A filiação – de massa – dos muitos ao PT não se traduz em um Partido governado pelos muitos. Pelo contrário: assistimos – no mesmo movimento – a penetração dentro do PT dos tradicionais fenômenos de privatização da política pelo poder econômico; a própria lógica da representação, ao mesmo tempo esgotada e fixada nos interesses de reprodução dos mandatos, acaba gerando maquinas eleitorais internas que falsificam o jogo democrático. A filiação em massa dos muitos se esgota no poder de poucos. O PED das massas é o terreno de reprodução e produção do poder de poucos, quer dizer de verdadeiras oligarquias fundadas em muitos mandatos e na concentração de poder econômico que esses mandatos precisam e determinam ao mesmo tempo.
Não existe ética sem democratização da decisão, da escolha e da produção das próprias regras definidoras do comportamento ético. A ética, para nos, é uma aventura da liberdade e da igualdade, da renovação continua da democracia.
Renovar o PT dentro da dinâmica do PED e a partir da experiência de governo!
A potência renovadora do PT veio da autonomia operária do ABC paulista: o carisma de Lula é o fruto da relação potente entre lutas operárias e Partido que o “novo sindicalismo” constituiu e Lula encarnou. Esse é o Lula torneiro mecânico e retirante, o líder operário do final dos 1970 e inicio da década de 1980.
Em seguida, a onda operária do ABC paulista se amplificou conectando-se aos outros movimentos sociais (movimentos camponeses e movimentos urbanos) e aos setores da esquerda sobreviventes da heróica resistência à ditadura. Lula já é o líder da nova esquerda brasileira da década de 1980 e da resistência ao neoliberalismo. É o “Lula somos todos”, com suas experiências de governo municipal onde a representação se abriu à participação: o que o Orçamento Participativo de Porto Alegre tornaria em modelo de referência nacional, base do Fórum Social Mundial.
A estrondosa popularidade dos dois governos Lula (em termos de legitimidade social) se deve ao encontro dessas duas “ondas” (aquela operária do ABC e do governo local pela esquerda liderada pelo PT) e a uma inflexão que diz respeito a uma “outra onda”: aquela gerada pela própria experiência de governo e seus programas sociais: o Bolsa Família, a valorização do salário mínimo, o Prouni e o Reuni, o Luz para todos, o Pronasci, os pontos de cultura e de mídia, a inclusão digital nas escolas públicas, a regulamentação das reservas indígenas e da propriedade fundiária nas favelas, o estatuto da igualdade racial, o projeto de cotas e de combate ao racismo, as quebras das patentes dos remédios, a discussão dos direitos autorais e, enfim, o PAC.
Entre 2002 e 2006 houve uma ampliação da base social do governo mas também uma mudança de base social: ela passou a incorporar os setores e as regiões mais pobres da população e do país. Esse é o “Lula é muitos”.
Essa mudança é o fato da constituição dos POBRES como sujeito.
Os governos Lula souberam antecipar e trabalhar essa mudança. Ao mesmo tempo, ela constitui também um desafio. O debate sobre o PED é o embate diante das dimensões fortes e potentes dessa mudança, mas também diante dos enigmas e questões políticas que ela coloca. O debate sobre o PED deve ser esse debate, um debate de luta! Aliás, a crise financeira do capitalismo global lhe dá uma dimensão ainda mais decisiva e um horizonte aberto à construção de um outro mundo: o mecanismo fundamental da crise é exatamente aquele de um capitalismo em rede que mobiliza os pobres (os excluídos) sem reconhecer seu trabalho (sem paga-los e/ou sem empregá-los).
Os trabalhadores empobrecidos e os pobres trabalhadores são as figuras sociais de uma nova composição de classe, de uma nova dinâmica das lutas e de governo. Mas essa composição que chamamos de “classe” não tem mais muito a ver com os comportamentos e as lutas da velha classe operária.
O debate sobre o PED deve ser o debate, rico e produtivo, da renovação da forma partido e da grande narrativa da emancipação diante dessa nova composição material do trabalho e de suas lutas: do trabalho dos pobres.
Governado pelo mercado, o pobre é um “amontoado” de fragmentos: ele não é mais a figura social – como era o operariado – homogeneizada pela relação capitalista de produção e seu chão de fábrica. O capitalismo contemporâneo fragmenta, terceiriza e precariza sistematicamente o emprego (a relação salarial) mobilizando os trabalhadores formais e informais, os camelôs e os ambulantes, os sem teto e os favelados, os intelectuais que trabalham por conta própria, as mulheres, os indígenas, etc. Nesse nível, o pobre aparece como uma massa de fragmentos que o neoliberalismo pretendia governar pelo mercado: a lógica da privatização devia impor que cada um desses fragmentos se tornasse um individuo egoísta em competição com os outros.
Nas lutas, o pobre é muitos! As lutas dos novos movimentos são lutas dos pobres. Elas se caracterizam pela diversidade e multiplicidade de suas dinâmicas: as lutas dos trabalhadores sem terra, dos movimentos culturais das favelas e rádios livres comunitárias, o midiativismo, o movimento pelo software livre e quebra das patentes sobre os produtos da criatividade humana, as lutas dos trabalhadores pobres ambulantes e dos camelôs, dos pré-vestibulares para negros e pobres, as ocupações por moradia, as lutas do movimento negro, dos povos indígenas, das mulheres, os movimentos para a emancipação da sexualidade (GLBTS) etc.
Nessas lutas, os fragmentos se transformam em singularidades (pobres) que cooperam entre si (entre pobres) e produzem alternativas ao mercado: a diversidade não e mais um obstáculo mais a própria potência dos novos movimentos. Nas lutas, o amontoado desorganizado, explorado e excluído de fragmentos (os trabalhadores pobres) se torna um conjunto de pobres que trabalham e produzem governo e emancipação. Da mesma forma que a cooperação sul-sul entre paises pobres inaugurada pelo governo Lula!
As lutas de tipo novo são precisamente aquelas que logram enfrentar o obstáculo da fragmentação e organizar a multiplicidade dos pobres.
Que formas de luta são essas? Como é que isso acontece? Qual a relação entre essas lutas e a política? As formas de luta do “pobre” articulam em um mesmo terreno a resistência, a reivindicação com a cooperação produtiva: constituir a luta é ao mesmo tempo organizar a produção. Como dizem o MST e os Sem Teto: “ocupar e produzir”, os pobres lutam e produzem; produzem e lutam.
Isso acontece nas formas: do movimento do software livre, onde a luta contra as leis das patentes se junta à produção em rede e cooperativa de software; do movimento dos pré-vestibulares comunitários, onde a luta contra o sistema elitista e racista do vestibular se junta à organização voluntária de cursos para os estudantes pobres e negros entrar nas universidades; o MST articula as lutas pela reforma agrária com os temas de “ocupar e produzir”, na perspectiva da agricultura familiar e cooperativa; os trabalhadores pobres e precários dos centros metropolitanos defendem seus espaços e ao mesmo tempo ocupam moradias próximas de seus locais de trabalho. Os novos movimentos dos pobres, longe de implicar o desaparecimento da política, afirmam um novo terreno político que junta dinâmicas de luta e dinâmicas de governo. O que desaparece é a velha política, aquela da representação, da separação entre reivindicação econômica (sindical) e programa político (do partido). Mas, em retorno, tudo vira político e afirma a centralidade da questão do governo: é na dinâmica de governo que pode – ou não – consolidar-se e generalizar-se a relação precária que os novos movimentos indicam e constituem entre lutas e produção. Isso não se limita somente aos “novos’ movimentos, mas diz respeito a todos os movimentos, inclusive aqueles sindicais e operários: não é por acaso que, por um lado, os sindicatos operários participaram, com força, do movimento em prol ao desenvolvimento regional do ABC paulista, bem como participam, hoje, dos conselhos de administração de muitos fundos de pensão. Por outro lado, a mobilização mais interessante da CUT durante os primeiros anos do governo Lula foi justamente aquela que se dirigia aos trabalhadores pobres, quer dizer as caravanas em prol da valorização do salário mínimo.
O debate do PED e, mais em geral, o debate sobre os rumos de projeto do PT, tem que ser esse!
Esse debate – como vimos – é aquele da democracia dos muitos, dos muitos que continuam a ser tais: como é que os muitos passam da condição subordinada, explorada e excluída de fragmentos manipulados pelo mercado (e o capitalismo financeiro das redes) a constituir-se em singularidades que cooperam entre si, em governo? Como é que se forma a decisão democrática quando o sujeito da luta é a multiplicidade dos pobres? Como é que o PT pode ser, ao mesmo tempo, múltiplo (democrático) e capaz de decisão (vetor de um projeto, no curto prazo, de consolidação e aprofundamento das conquistas dos governos Lula e, no longo prazo, de uma nova grande narrativa de emancipação)? Com outras palavras, podemos dizer o seguinte: o debate do PED é atravessado pelas alternativas colocadas pelas respostas que daremos a essas questões. Esquematicamente, essas se resumem a três grandes caminhos possíveis:
Um primeiro eixo, seria aquele que foca – para ganhar o PED – a crítica das outras “>maquinas eleitorais e das oligarquias que delas se alimentam e a produzem ao mesmo tempo. Mas, nesse horizonte, não conseguiremos fugir da necessidade de construir outras maquinas eleitorais para lutar contra aquelas que são atualmente hegemônicas. Claro, podemos crer e afirmar que “nossas” máquinas são mais autênticas do que as outras. Mas, por verdadeira que possa ser nossa afirmação, ela sempre será contestada pela afirmação dos “outros” que dirão que são as máquinas deles que são autenticas ou, no mínimo, que as máquinas têm características parecidas.
Um segundo eixo seria aquele que apontaria para o abandono do PED e uma volta atrás ao método do Centralismo democrático (do Congresso). Essa perspectiva aparece duplamente fraca: a) por um lado, ela não dispõe mais do mecanismo de legitimação da representação da qual o procedimento congressual era somente um momento. Ou seja, a volta aos métodos dos delegados se traduziria inevitavelmente em um enfraquecimento da dinâmica partidária; b) por outro lado, dificilmente a qualificação do voto encontraria um critério unânime e ela mesma seria objeto de disputa.
Um terceiro eixo é aquele que implica em aceitar os desafios do PED promovendo seu atravessamento (e do PT) por essas dinâmicas e embates de tipo novo!
= > Articular o trabalho de comunicação participativa em rede dos filiados e eventualmente chegar ao voto on line – as experiências dos movimentos em redes de Seattle a Genova, mas também aquelas da 1a eleição de Zapatero e da recente eleição de Obama indicam esse caminho material e político de radicalização democrática, quer dizer de uma da mobilização qualificada da militância de massa e em massa. A qualificação da participação não implica em nenhuma redução da filiação em massa, mas na explicitação de suas dimensões múltiplas por meio da sua conexão em rede. Isso significa que o PT deve tornar-se, sobretudo no PED, mas não apenas nele, um partido de movimento, um partido em movimento.
= > Levar para dentro dos debates, da formação, do funcionamento, dos compromissos de governo do PT e pelo PT, as dinâmicas dos novos movimentos e, com base nesse atravessamento, enfrentar a questão da organização (da forma partido) e do governo de maneira inovadora e adequada. Isso significa que :
* A Política social – a construção de uma nova geração de direitos – tem que ser a base da uma nova política econômica. Somente a política social é capaz de indexar a inflexão do modelo econômico e uma política dos pobres, radicalizando o que foi feito durante os governos Lula: pensar os direitos não mais como conseqüência do trabalho (do emprego), mas como base, premissa do trabalho (e eventualmente do emprego).
* O PT deve ser o estimulo de uma reflexão conjunta entre movimentos e organizações sindicais para pensar e promover uma organização horizontal e territorial dos trabalhadores, para além da relação de emprego. Essa espécie de “sindicato territorial” deve buscar a reunião dos atuais trabalhadores através do que há em comum entre eles: a condição de precários e sem direitos, excluídos e subordinados ao mesmo tempo.
* O PT deve ser o âmbito e um dos principais animadores de um debate sobre as novas formas de propriedade, aquelas capazes, por um lado, de dar conta da maciça intervenção do fundo público durante a atual crise financeira do capitalismo global e, por outro lado, da dimensão comum e política que caracteriza a cooperação social produtiva contemporânea: aquele comum afirmado pelos pré-vestibulares comunitários, pelo movimento do copyleft, pelos movimentos ecologistas, pelo cuidado em saúde coletiva, pelos movimentos culturais; pelo municipalismo do OP; aquele comum que deve se constituir como um novo direito – imediatamente produtivo – da criatividade humana.

domingo, janeiro 25, 2009

Yes, Let´s see! (Sim, vamos ver!)

No link dos vídeos do Youtube (aqui ao lado esquerdo) há um vídeo que retrata um pouco a dura realidade dos povos amazônicos. Confira! O nome dele é Amazônia uma região de poucos.

Crise: Edmilson Rodrigues perde seu braço esquerdo no PSOL

Luiz Araújo deixou o PT para fundar o PSOL, onde viveu até então organizando a corrente interna "Primavera Socialista" e supostame...